PAI DE NERD: T:1 Episódio 1: A tela brilhante da maçã mordida
Se você está iniciando a leitura do texto ou é nosso amigo presencial ou das redes sociais on line e se interessou na nossa série Pai de Nerd, ou também não sabe o que fazer com a imprevisibilidade dos seus filhos. A nossa série contará as histórias de João Vitor Regadas, suas interações com o mundo, irmão família e com os seus pais, retratado por mim, o Pai, Geraldo Campos, que espero escrever durante um tempo e depois junto ao JV para que ele possa me ajudar nos textos.
Decidimos Eu e Fernanda que teríamos o nosso primeiro filho antes dos 30 anos, por mais que os trenamentos fossem intensivos veio na tampa dos 30; e, em 2006 nasce o JV. Na época já dizíamos que nasceria com o Windows Vista (o programa mais moderno da Microsoft, na época), mas nem imaginávamos o que teríamos pela frente e você vai acompanhar na nossa série semanalmente que será postado em minha página no facebook.
Em 2010 com 4 anos o JV já começava a debutar no mundo das tecnologias, enquanto eu fui ter um computador com 18 anos, o carinha já nasceu com os telefones celulares, computadores, notebook, e acabava de descobrir o que ele chamava: pai aquela tela brilhante da maça mordida; em que é só passar o dedo.
Dizer que o JV aos 2 anos desmontou um brinquedo e colocou um pilha no nariz, que perfurou o septo nasal e ficamos até o cinco anos rodando médicos, hospitais e naturologias para cicatrizar o nariz é apenas um detalhe nas aventuras de um carinha que adora a experimentação, mas ao mesmo tempo tem uma veia metódica ao extremo. Contraditório, não? Nós também achamos, mas para ele isto parecer ser como um estilo de vida. E ainda, tem gente que se acha maker.
Então, durante todo o ano de 2010, lembrando que ele tinha 4 anos, todas as vezes que íamos a um shopping era necessário uma parada obrigatória na loja ou quiosques da Apple. E ali, ficávamos por pelo menos 1 hora. Experimentava todos os iPads possíveis, mal alcançava nas gôndolas expositoras, mas estava lá disputando com os adolescentes e adultos as telas brilhantes da maçã mordida. Falar em sair da loja para continuar o passeio era um convencimento de mais de 20 minutos; e claro, depois de experimentar todos os aplicativos, cores, e gôndolas.
Então, ficamos quase 1 ano, literalmente, enrolando o carinha para que as telas brilhantes não fizessem parte do dia-a-dia dele naquele momento, mas era inevitável. Nas nossas conversas de casal, nos questionávamos aquilo que você como pai já se questionou, ou deve ser questionar até hoje, por que nós ainda nos perguntamos: Mas será que isto será benéfico para o desenvolvimento dele? Será que não irá se isolar socialmente? Vai ficar viciado no negócio? Vai passar o dia inteiro conectado? E mais umas mil perguntas que passam pela cabeça dos pais.
Não teve jeito. Aqui em casa somos acostumados a fazer as cartinhas para o Papai Noel, e na cartinha de 2011 ou que aparece, você pode adivinhar? A carta do JV se reduzia a apenas 1 pedido: a tela brilhante da maça mordida. Aquela que passa o dedo.
O Papai e a Mamãe Noel aqui de casa, olham um para a cara do outro e dizem: F****u. Maldito Papai Noel. Além das perguntas incansável que nem Piaget, nos ajudaria a responder, o bagulho custava uma fortuna. Borá lá. Passa o cartão magnético e naquele ano ninguém mais ganha presente.
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Neste ano o Natal foi na casa dos avós em outra cidade, nos raros momentos que conseguimos juntar as duas famílias. Enquanto todos chegavam com vários presentes, ou seja, um para cada um, nos chegamos com apenas 1 e uma caixinha pequena, que se fosse uma caixa de meias, não daria para todos.
Enquanto jantávamos e tentávamos fazer com que o cara de 05 anos não apagasse até a hora de abrir os presentes, todos nos olhavam; e, eu pensava. Será que eles acham que todos os presentes estão na caixinha? Ou que não teremos presentes para todos? Eu me sentia um alienígena, e pensava no que falaria, já que a certeza era absoluta que seríamos chamados de malucos.
E assim, foi. Ficamos por último e o JV meio dormindo tentou abrir a caixa que por pouco não caiu no chão, e a Fernanda quase teve um infarto. Quando abrimos um silêncio tomou conta da sala. Ouvíamos os sinos das renas do treno do Papai Noel chegando no Polo Norte.
E ai vieram as falas: Vocês são malucos? Um negócio de quase 3 mil reais? Isto não é brinquedo? Devolve. Ele vai quebrar isto, Meu Deus? Definitivamente, vocês piraram. Naquele momento Eu e Fernanda felizes da vida, por ter conseguido comprar o que queríamos, o JV meio sonolento não entendia nada e queria mais dormir do que olhar a tela que brilhava, mas a pergunta mais top de linha, foi a dele:
É aquele que tem a Maçã Mordida? Maldito Steve Jobs, criando escassez e necessidade em um carinha que nem sabe escrever o nome. E era o da maldita maçã mordida, imagina se não fosse.
No outro dia acorda e começa a sua relação de amor com uma máquina que já dura mais de 6 anos, ou seja 60% do seu tempo de vida ele divide com a tela brilhante da maçã mordida. E você pai poderia pensar: Malucos, o que vocês fazem para limitar o tempo? Diminuímos a quantidade de bateria disponível para o uso. Acabou a bateria acabou o uso. Uso para estudos e afins, bateria ilimitada. Jogos? Não mais que 1 hora por dia. Fotos e vídeos? Se as fotos ficarem boas compartilhamos no facebook e guardamos como recordação, se as fotos não ficarem boas, esperamos o espaço ficar cheio e informamos: é preciso apagar algumas coisas, decidam o que apagarão.
Vídeos, se forem do Youtube precisam sempre estar monitorados, como se estivessem um playground, você não observa se o guri vai levar com o balanço na cabeça ou cair do escorregador? Então, é a mesma coisa, só mudou a mídia.
Já ia esquecendo, em 2011 JV ganhou um irmão. O tal Guinominho (mas foi registrado na certidão de nascimento como Mateus). Desde quando nasceu era embalado pela tela brilhante do iPad de seu irmão, ao mesmo em tempo que o youtube ajudava a acalmá-lo, com os vídeos do Pocoyo, Pepa, Pig ou da italiana Pimpa; e há 1 ano se denominou Guinominho, um pseudoYoutuber, que quer fazer vídeos, já tem o seu nick, mas todas as vezes que colocamos para gravar o carinha trava, mas claro só tem 5 anos.
Como já tínhamos o apple naquela época dizíamos que o Mateus, iria nascer com todos os aplicativos. O Guinominho tá ficando sinistro, manda bem na tecnologia, no judô, nos legos e tem uma opinião do cacilds.
Então, pais de plantão: não tem jeito, dá logo e aprende junto com eles, monitora, orienta e uma vez que outra se você esquecer do cara na tela brilhante terá que fazer umas massagens no pescoço e dar um melhoral, pois o JV aqui deu um balão em nós e ficou 2 horas direito no iPad enquanto víamos um filme. Resultado? um mega torcicolo que ficou uns dois dias sem mexer o pescoço. Mais uma experiência para a caixinha.
Acompanhe semanalmente a nossa série: Pai de Nerd e confira as aventura de JV.
Por Geraldo Campos
Pai do João Vitor Regadas
Vencedor do Prêmio ENDEAVOR de Educação Empreendedora 2016
Cocriador do iLAB – Laboratório de Inovação e Empreendedorismo da UNISUL
CEO Studio Sapienza